sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Região corre risco de nova epidemia de dengue

Bueiros sem manutenção, grande quantidade de pneus expostos, bebedouros para animais em chácaras perto da zona urbana e, o mais grave, falta de integração entre as atividades desenvolvidas pelas administrações municipais e a sociedade civil no combate à dengue, ameaça à Saúde Pública causada pelo mosquito Aedes aegypti.
Esses são alguns dos fatores que poderão contribuir para fazer da região, incluindo Maringá, novamente palco para o pesadelo de uma epidemia.
Os diferentes levantamentos de índice de infestação realizados nas cidades pertencentes à Regional de Saúde - LIA e Lira - demonstram a presença do Aedes em todos eles, ainda que em níveis toleráveis.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o índice deve ficar abaixo de 1,5%. Em Maringá, a Secretaria da Saúde concluiu o último Lira na semana passada, mas, segundo informações da Assessoria de Imprensa, os dados só terminariam de ser compilados nesta sexta-feira.
Pelo boletim epidemiológico da Regional de Saúde, do dia oito de setembro, apenas cinco municípios não registraram notificação da doença até esta data: Doutor Camargo, Floresta, Ourizona, Santa Inês e Santo Inácio.
O agente de Saúde Raimundo Carvalho, guarda de endemias da 15ª Regional de Saúde, lembra da capacidade de dormência do mosquito para explicar que o perigo é real, apesar da aparente contradição entre baixo número de infestação e risco de epidemia.
"Os ovos do mosquito continuam viáveis até 450 dias sem água. Isso significa que quando começar a chover eles vão eclodir ", observa ele.
Segundo Carvalho, a possibilidade de as chuvas aumentarem os índices em oito ou dez vezes é normal, situação encarada com normalidade pelos sanitaristas. Arnaldo Lima Costa, supervisor de Vigilância Ambiental da Secretaria da Saúde, reforça a preocupação de Carvalho.
"Com chuva o cenário pode mudar em uma semana", alerta.
Sarandi, Paiçandu e Paranacity registram as três maiores incidências de casos de dengue da Regional até agora - 72, 21 e 20, respectivamente. Maringá aparece em quarto lugar, com 16,9 de incidência, seguida por Astorga, com 16,3.
O indicador é obtido dividindo-se o número de casos por cem mil habitantes. Se a população do município for menor, multiplica-se o número de habitantes por cem mil antes da divisão.
Dirceu Vedovello Filho, chefe regional da seção de Vigilância em Saúde, afirma que a maior preocupação dos técnicos é provocada pelos problemas decorrentes da falta de integração nas ações preventivas desenvolvidas nos municípios.
"Ainda encontramos secretários de obras que têm dificuldade em entender que um bueiro entupido é um criadouro em potencial para o mosquito, o que compromete o trabalho desenvolvido pelas equipes de Saúde".
Nesses casos, segundo ele, os próximos encaminhamentos da Regional terão desdobramentos junto ao Ministério Público e Defesa Civil.
"Não adianta lembrar da dengue apenas quando tivermos surto", critica.
Fonte: O Diário

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