O governo Requião decidiu ignorar a crise econômica mundial, que já provocou queda na arrecadação do Estado e suspensão de qualquer plano de reajuste salarial do funcionalismo, para patrocinar eventos de evidente cunho político às custas do dinheiro do contribuinte paranaense. Somente esta semana, pelo menos dois grandes eventos estão sendo bancados pelo governo em Foz do Iguaçu, um com a justificativa de dar posse a diretores de escolas estaduais, e outro curiosamente para discutir o combate à mesma crise que ameaça as contas públicas e a economia do Estado. A oposição acusa o governo de usar dinheiro público para fazer proselitismo político e alavancar a candidatura do governador ao Senado, em 2010.
Ao todo, o governo está bancando a viagem e as despesas de 2.126 diretores de escolas para Foz do Iguaçu. Ontem, a Secretaria Estadual da Educação confirmou que o evento foi pago pelo órgão e que os diretores receberam valores de diárias com hospedagem, transporte e alimentação em restaurantes. O diretor-geral da secretaria, Ricardo Bezerra, que respondia ontem pelo órgão, já que a secretária Yvelise Arco-Verde também está em Foz do Iguaçu, não quis falar com a reportagem do Jornal do Estado.
De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria da Educação, o levantamento completo dos gastos só vai acontecer depois do término do evento. Também não foi revelado a previsão do gastos com o posse (infraestrutura). Quanto às diárias, os valores devem variar, já que os 2.126 professores foram hospedados em vários hotéis da fronteira por quatro dias de evento (terça, quarta, quinta e sexta-feiras). Como cada diretor partiu de uma cidade, será preciso fazer um balanço para divulgarmos o valor real também da viagem, informou a assessoria. A Secretaria da Educação alegou que o evento estava marcado antes das novas determinações de corte nas despesas por causa da crise. A governo justificou que os diretores não só tomaram posse, mas passaram por palestras, oficinas e seminários.
Crise – Para a oposição, o governador patrocina um evento em meio à crise mundial, ignorando queda da arrecadação do Estado e o caos vivido pelos municípios com a queda do repasse no Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Deputados pretendem levantar os gastos e podem pedir detalhes, tanto do encontro com diretores, quanto com o seminário “Crise: Desafios e Soluções na América do Sul”, que ocorre paralelo ao encontro de diretores de escolas do Paraná. “O governador sempre arranja uma palhaçada. Ele paga a platéia para bater palmas para ele. Ele gosta de propaganda e não pode ficar sem pessoas em torno dele para paparicá-lo”, disse o líder da oposição na Assembleia Legislativa, deputado Élio Rush (DEM).
Para o deputado, o evento ocorre num momento em que o próprio governo reconhece que a crise está afetando as finanças do Estado. A arrecadação caiu 5% em fevereiro, em relação a janeiro. Além disso, na “escolinha de governo”, o secretário da Fazenda, Heron Arzua, admitiu que a meta de arrecadação e o Orçamento de 2009 terá que ser revisto. Na ocasião, Requião admitiu a necessidade de cortar gastos supérfluos. “O Paraná não vai cortar investimentos. Vai cortar sim gastos como excesso de viagem. Algumas secretarias são peripatéticas (trabalham ao ar livre), não param de viajar. Isso não traz reflexo direto ao Orçamento, é uma bobagem, mas é necessário no aspecto da moralidade”, contradisse Requião.
Antecedentes – Em novembro do ano passado, o governo promoveu outro seminário sobre a crise, em Curitiba. Apesar de não ter revelado os gastos totais com o evento, pelo menos R$ 220 mil foram despendidos pelos cofres públicos somente com as compra de passagens aéreas para trazer os convidados.
(Fonte: Bem Paraná)
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