sexta-feira, 27 de março de 2009

Padrasto é suspeito de engravidar enteada de 13 anos. Família deve pedir o aborto

Vítima de abuso sexual cometido pelo padrasto, uma menina de 13 anos está grávida de quatro meses, em Goioerê (a 70 quilômetros de Campo Mourão, Noroeste do estado). A mãe descobriu a gravidez da filha e denunciou o companheiro no último sábado (21). O principal suspeito dos abusos está foragido. A jovem vinha sofrendo com as investidas do padrasto havia um ano. A família deve pedir o aborto do feto. Segundo a Polícia Civil de Goioerê, a mãe desconfiou dos sintomas de gravidez da menina e após muita conversa, a adolescente teria confirmado os abusos. “Segundo a criança, os estupros aconteciam há cerca de um ano, sempre sob ameaças e em horários que a mãe, empregada doméstica, não estava em casa”, contou o escrivão Anderson Ferreira. Os exames de conjunção carnal e ultrassonografia comprovaram os abusos e a gravidez da menina. Desconfiado de que a mulher teria descoberto a gravidez da filha e faria a denúncia, o padrasto fugiu durante o final de semana. Ele ainda não foi localizado pela polícia. A Justiça expediu mandado de prisão preventiva e a Polícia Civil está em busca do paradeiro do homem. “Sabemos que ele fugiu de Goioerê. Vamos pedir ajuda dos policiais da região para continuar as investigações”, afirma o escrivão. A menina está na casa da mãe e passa por acompanhamento do Conselho Tutelar e de assistentes sociais. Segundo a promotoria de Goioêre, não há necessidade de a família recorrer à Justiça para solicitar o aborto porque em casos de violência sexual, a lei brasileira permite a intervenção. “O código penal não incrimina a conduta. Não há necessidade do consentimento da Justiça. Se os familiares e a adolescente concordarem com o aborto, eles podem recorrer ao SUS (Sistema Único de Saúde) para realizar a intervenção médica”, explicou o promotor Ricardo Casseb Lois. O promotor lembra que exames médicos devem aprovar ou não a retirada do bebê. “Deve haver um estudo psicológico para avaliar as condições psíquicas da adolescente, além de exames médicos que determinem se a jovem pode passar pela interrupção da gravidez”, lembra. Para a doutora em Psicologia, Miriam Majer, do Programa Multidisciplinar de Estudo, Pesquisa e Defesa da Criança e do Adolescente (PCA), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), o aborto, nesta ocasião é a melhor saída. “A adolescente não tem maturidade psicológica nem física para suportar a gravidez. Como ela vai lidar com a pergunta feita pelos amigos quando perguntarem quem é o pai? Sempre vai ter de relembrar a violência sexual. Isso é muito constrangedor”, explicou. A psicóloga disse ainda que a gravidez pode impedir o desenvolvimento intelectual e cultural da jovem. “Se a gravidez for levada adiante ela vai deixar de ir à escola e quando voltar pode ser vítima de preconceito. Isso vai atrapalhar todo o desenvolvimento intelectual e psicológico”, afirma. De acordo com o médico obstetra e diretor do setor de ginecologia da Santa Casa de Maringá,Maurício Chaves Júnior é necessário que a jovem faça uma série de exames complexos para verificar a possibilidade de abortar o feto sem colocar em risco à vida da adolescente. “Mesmo com quatro meses de gravidez há possibilidade de fazer o aborto. Mas é necessário avaliar se o procedimento médico é viável”, afirma. A reportagem tentou entrar em contado com a Diocese de Campo Mourão, da qual faz parte a paróquia de Goioêre, mas não obteve retorno. Já a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) não quis se pronunciar. “Temos primeiro que conhecer o caso para depois se manifestar ou não. O mais importante, agora, é saber se a menina está sendo bem cuidada”, disse o padreGeraldo Martins Dias, relações públicas da CNBB.

(Fonte: Jornal de Maringá)

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