Desde o início do ano letivo, no dia 9 de fevereiro, 103 dos 1.225 colégios estaduais do Paraná dividiram a grade curricular do ensino médio em blocos de disciplinas semestrais, e não mais anuais. A nova modalidade foi implantada na tentativa de diminuir a evasão e o abandono escolar durante os três anos de estudo nas escolas públicas do estado.
A professora Mary Lane Hutner, chefe do Departamento de Educação Básica da Secretaria de Educação do Estado do Paraná (Seed), considera a medida inovadora e positiva para os alunos, principalmente para aqueles que trabalham durante o dia e estudam no período noturno. Dados de 2007 da secretaria mostram que, no primeiro ano do ensino médio, 13,7% dos estudantes abandonaram as salas de aula no Paraná. No segundo e terceiro anos, a taxa chegou a 10,2% e 8,1%, respectivamente.
Com o novo sistema de aulas, os alunos passam a ter seis matérias a cada semestre, porém com a mesma carga horária de antes. “Quando havia 12 disciplinas por série o aluno que reprovava ou desistia perdia um ano inteiro de estudos. Agora, com os blocos, ele perde apenas um semestre”, explica Mary Lane. “Além disso, os alunos podem focar mais os estudos, pois têm seis matérias para se dedicar”, completa.
Para a doutora em educação e professora do setor de educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Araci Asinelli, a implantação do ensino em blocos precisa de cautela e um estudo piloto deve ser feito para servir de balizador de resultados. A Seed informou que a aprendizagem por blocos é simultânea no estado, sem uma análise prévia. Araci lamenta que a decisão tenha sido tomada sem discussões com as universidades locais, “onde o conhecimento é construído e socializado por meio de pesquisas, ensino e extensão”.
Para avaliar os indicadores da modalidade em blocos, Araci diz que é necessário monitorar o processo de aprendizagem e ensino durante três ou quatro anos. Somente depois seria possível chegar a um resultado satisfatório.
Araci ainda acredita que antes das aulas os professores devem passar por treinamentos, pois a modalidade de blocos semestrais difere da tradicional, que é anual. “Os docentes devem ficar preparados e motivados para essa nova jornada de trabalho”, diz a professora. “As aulas serão diferenciadas ou vai ser mantida a mesma metodologia?”, questiona.
Buscar alternativas curriculares para diminuir a evasão é sempre bem-vindo, segundo Araci. “O sistema em bloco dá a impressão ao estudante que ele possui menos disciplinas a vencer no semestre”, afirma. Por isso a professora acredita que o diferencial do ensino em blocos é justamente o agrupamento das disciplinas. O primeiro bloco explora a Biologia, Educação Física, Filosofia, História, Língua Estrangeira Moderna e Língua Portuguesa. Enquanto o segundo fica com Artes, Física, Geografia, Matemática, Sociologia e Química.
(Fonte: Tudo Paraná)
Nenhum comentário:
Postar um comentário