terça-feira, 7 de julho de 2009

Acusado de mandar matar casal em festa neonazista sai da cadeia

O economista Ricardo Barollo, 34 anos, deixou a carceragem do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) na última sexta-feira. Acusado de ter mandado matar o casal Bernardo Dayrell, 24 anos, e Renata Waeschter Ferreira, 21 anos, quando eles saíam de uma festa neonazista, Barollo foi beneficiado por uma decisão unânime da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). Os desembargadores acataram o pedido de habeas corpus impetrado pelo advogado de Barollo, Adriano Sérgio Nunes Bretas.
Bretas argumentou que por ser réu primário, ter residência fixa e não ter resistido à prisão, Barollo poderia responder ao processo em liberdade. “O Barollo seguiu para São Paulo, onde tem residência e emprego. Mas antes avisou o juiz e colocou-se à disposição para qualquer esclarecimento”, afirmou o advogado.
O advogado quer uma acareação entre Barollo e os demais réus do processo, que confessaram ter matado o casal. “Soube pela imprensa que houve um processo de delação premiada em que esses réus acusaram meu cliente. Precisamos colocá-los cara a cara”, disse o advogado, reafirmando que o economista nega ser o mandante do crime, mas só irá falar sobre o caso em juízo.
Os demais acusados de terem participação no crime são Rosana Almeida, 22 anos; Jairo Maciel Fischer, 21; Gustavo Wendler, 21; Rodrigo Motta, 19; e João Guilherme Correa, 18. Todos permanecem presos.
Bretas também afirma que existem ao menos 20 itens do processo que podem ser questionados. Uma das principais argumentações do advogado diz respeito ao fato de que a investigação passou da tutela da autoridade policial civil de Quatro Barras para o Cope. Segundo Bretas, a mudança se baseou em uma denúncia anônima e o Cope abandonou outras linhas de investigação, que anteriormente também estavam sendo consideradas.
O delegado do Cope, Francisco Caricati, disse que não houve delação premiada e que os cinco acusados apontaram Barollo como o mandante do crime. O delegado disse também que existem elementos suficientes para o indiciamento do economista. Entre os indícios estão o contato com os outros acusados antes e depois do crime, além de outras provas que foram anexadas ao processo. “Existem indícios de que Barollo foi o mandante do crime e foi a partir deles que a investigação se pautou. Agora temos de aguardar o que a Justiça decidirá sobre o caso”, afirmou Caricati.
O crime
Segundo as investigações, Barollo e Dayrell estariam disputando poder dentro de organizações neonazistas em Curitiba e São Paulo. Desse modo, a mando de Barollo, teria sido planejada uma emboscada contra o casal, que organizava uma festa em homenagem ao ditador alemão Adolf Hitler.
Os dois universitários teriam sido atraídos para fora da festa por Rosana, que afirmou estar passando mal e pediu carona para voltar para Curitiba. Correa, Motta e Fischer teriam seguido o casal em um outro veículo. E, quando já estavam retornando para a festa, Wendler (que também estava no carro junto com o casal) teria pedido que parassem no acostamento. Bernardo e Renata teriam sido obrigados a descer do carro. Os dois universitários foram assassinados com tiros na cabeça, supostamente por Correa e Fischer – que seguiam no veículo de trás. Logo após o crime, os acusados teriam ligado para Barollo, que estava em São Paulo, afirmando que a “missão” havia sido cumprida e pedindo que um advogado fosse contratado, caso a autoria do assassinato fosse descoberta.
Neonazismo
A organização neonazista no Paraná tem o objetivo de criar um novo país, o qual teria uma Constituição própria e seria “livre da influência semita”. Esse novo país seria chamado de “Neuland” (Terra Nova, em alemão) e deveria ser organizado na Europa – apesar de ser voltado aos brasileiros – para que pudesse ser livre da presença de negros, homossexuais e, principalmente, judeus.
(Tudo Paraná)

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